O Papa Francisco era comunista? E por que ele incomodava tanta gente?
O pontífice gerou polêmica ao defender justiça social, acolhimento a minorias e mudanças na Igreja
Durante seu pontificado, o Papa Francisco foi chamado de muita coisa — inclusive de comunista. A acusação se espalhou por setores conservadores e da extrema-direita, que viam em suas falas e gestos um alinhamento com pautas sociais típicas da esquerda. Mas o que ele realmente dizia? E de onde veio essa polêmica?
Vamos ao que interessa.
🔍 O que o Papa dizia?
Desde 2013, Francisco se destacou por um discurso forte sobre desigualdade social, migração, mudanças climáticas e exclusão econômica. Ele chegou a afirmar que:
“Esta economia mata.”
Em documentos como a Evangelii Gaudium, criticou o livre mercado e a concentração de renda, chamando o atual modelo econômico de "injusto por natureza". Também defendeu a redistribuição de riqueza e a responsabilidade do Estado em proteger os mais vulneráveis.
❌ Isso faz dele comunista?
Não. Embora críticas ao capitalismo façam parte de discursos políticos de esquerda, o Papa nunca defendeu o comunismo como sistema político. Ele mesmo dizia que sua fonte de inspiração era o Evangelho de Mateus, especialmente o capítulo que fala em acolher pobres, doentes e estrangeiros.
A Igreja Católica, inclusive, tem uma tradição de condenar o comunismo, por seu materialismo e ateísmo. Francisco seguiu a Doutrina Social da Igreja, que prega justiça social e solidariedade, mas rejeita tanto o comunismo quanto o capitalismo extremo.
⚖️ Ele era ligado à esquerda?
Francisco manteve diálogo com líderes progressistas, como o ex-presidente Lula. Eles se encontraram várias vezes e trocaram cartas, especialmente em temas como combate à pobreza e à fome.
Essa aproximação foi usada por críticos para reforçar a ideia de que o Papa teria um viés político. Por outro lado, ele também foi crítico do kirchnerismo, na Argentina, quando era arcebispo de Buenos Aires. Questionou políticas sociais, confrontou a legalização do casamento igualitário e foi visto como “chefe espiritual da oposição” por setores do governo Cristina Kirchner.
👩🦱🌈 Mulheres e LGBTQIAP+: novos focos de crítica
A postura do Papa sobre temas sociais também gerou forte reação interna na Igreja e entre conservadores.
Mulheres
Nomeou mulheres para cargos inéditos no Vaticano.
Permitiu a participação feminina com voto em assembleias eclesiais.
Reafirmou que o sacerdócio continua reservado aos homens.
LGBTQIAP+
Disse que a Igreja não deveria excluir pessoas LGBTQIAP+.
Autorizou bênçãos a casais homoafetivos (sem equivaler ao casamento religioso).
Condenou a criminalização da homossexualidade.
Reforçou que o casamento sacramental continua sendo entre homem e mulher.
Essas decisões foram vistas por parte da Igreja como excesso de abertura, enquanto outros grupos as consideraram tímidas ou insuficientes.
⚔️ Quem eram os principais críticos?
A oposição a Francisco veio de várias frentes — tanto dentro da Igreja quanto no campo político internacional. Entre os nomes mais notórios:
Steve Bannon (EUA) – articulador de campanhas contra o papa.
Matteo Salvini (Itália) – político anti-imigração, criticava Francisco por sua defesa dos refugiados.
Javier Milei (Argentina) – chegou a chamá-lo de "representante do mal".
Olavo de Carvalho (Brasil) – o acusava de “esquerdismo” e traição aos valores cristãos.
Cardeais conservadores – como Raymond Burke, que questionavam suas reformas.
As críticas envolviam sua gestão da Igreja, sua linguagem acessível, suas reformas administrativas e suas declarações sobre economia, imigração e diversidade.
🎯 Por que esse debate importa?
A figura de Francisco gerou embates que ultrapassaram o mundo religioso. Suas falas sobre justiça social e seus gestos em relação a temas sensíveis provocaram reações polarizadas.
Para uns, ele abriu espaço para um catolicismo mais próximo da realidade social. Para outros, ultrapassou os limites ao tocar em assuntos considerados ideológicos.
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