Guerra comercial, inflação e pânico: o que tá rolando com as tarifas do Trump?
A ideia era proteger os EUA, mas o plano pode sair caro pro mundo inteiro. Te explicamos tudo em 3 minutos.
💥 Começou a guerra (comercial)
Sexta-feira (5 de abril) marcou o início do "tarifaço global" de Donald Trump. A nova política impõe tarifas de importação sobre produtos de mais de 180 países, incluindo pesos pesados como China (agora em 145%), União Europeia (20%), Coreia do Sul (25%) e Brasil (10%).
Trump chamou a medida de "Dia da Libertação", dizendo que os EUA estavam "se libertando" da dependência de produtos estrangeiros. Mas, em vez de festa, o que rolou foi pânico nas bolsas de valores e o risco de uma nova recessão global.
🤯 O que são essas tarifas e por que isso importa?
Uma tarifa é um imposto sobre produtos importados. A ideia é proteger a indústria nacional, deixando os concorrentes estrangeiros mais caros.
Mas Trump não quer só proteger empregos americanos. Ele usa tarifas como arma de negociação política e econômica. O plano é simples (pelo menos na cabeça dele): pressionar países a fazerem acordos mais vantajosos pros EUA.
🇨🇳 Quem mais entrou na mira?
Os alvos favoritos de Trump são países com os quais os EUA têm déficit comercial — ou seja, importam mais do que exportam. Entre os mais atingidos:
China: inicialmente 34%, subiu para 125% em 9 de abril e depois para 145% em 10 de abril;
Vietnã: tarifa de 46%;
Índia: 26%;
União Europeia: 20%;
Brasil: 10% fixos sobre tudo.
Inclusive, mais de 50 países já pediram revisão das tarifas, e há uma movimentação nos bastidores para levar a questão à OMC.
📊 Recuos estratégicos e pausas nas tarifas
Em 9 de abril, Trump anunciou uma pausa de 90 dias nas tarifas "recíprocas" para mais de 75 países parceiros comerciais, mantendo apenas a tarifa base de 10%. Esta pausa vai até 9 de julho.
No entanto, a China foi excluída dessa suspensão e, ao contrário, teve suas tarifas aumentadas ainda mais.
Na sexta-feira (12 de abril), Trump anunciou isenções para smartphones, chips e outros produtos eletrônicos. Porém, o Secretário de Comércio Howard Lutnick informou que essas isenções são temporárias, pois tarifas sobre esses itens serão incorporadas em um novo imposto sobre chips de computador nos próximos meses.
🐉 Como a China reagiu?
A resposta veio rápido e forte: o governo chinês aumentou suas tarifas sobre produtos americanos para 84% em 9 de abril, e posteriormente para 125% em 11 de abril. Pequim classificou as tarifas de Trump como uma "piada" e afirmou que as medidas americanas contrariam regulamentações comerciais internacionais.
Além disso, o governo chinês orientou empresas a suspenderem investimentos nos EUA e começou a buscar novos acordos comerciais com outros países, numa tentativa de reduzir a dependência da economia americana.
🔥 E como o Trump respondeu a isso?
Donald Trump dobrou a aposta. Após a reação da China, ele aumentou drasticamente as tarifas sobre produtos chineses, chegando a 145%. Também encerrou negociações que estavam em andamento com o governo chinês, o que acendeu o alerta de que a situação pode se transformar numa guerra comercial prolongada.
💸 E a economia, como fica?
Mal o anúncio foi feito e os reflexos já apareceram:
📉 O índice S&P 500 caiu 10,5% em dois dias, uma queda que só ocorreu em três momentos desde 1952 — incluindo a crise de 2008.
📈 A expectativa de inflação nos EUA disparou, com projeções de alta para 6% nos próximos meses.
🔁 A China e outros países estão retaliando, gerando medo de uma guerra comercial global.
Economistas do Wharton Budget Model projetam que as tarifas de Trump podem reduzir o PIB americano em cerca de 8% e os salários em 7%. Uma família de renda média pode enfrentar perdas de US$ 58 mil ao longo da vida.
Um grupo de economistas consultados pela Wolters Kluwer Blue Chip Economic Indicators prevê que a economia americana crescerá apenas 0,8% em 2025, uma revisão para baixo em relação à projeção anterior de 1,7%. A probabilidade de recessão subiu para 47%, comparado a 25% em fevereiro.
🇧🇷 E o Brasil, entra nessa?
O Brasil ficou entre os países menos afetados diretamente: a tarifa é de 10% sobre todos os produtos. Mas isso não quer dizer que estamos tranquilos.
Parte ruim:
O setor de aço, por exemplo, pode perder muito. Os EUA compram quase metade das nossas exportações de aço.
Isso pode gerar queda nas exportações, perda de empregos e pressão no câmbio (dólar mais caro).
Líderes da indústria brasileira estão preocupados com os efeitos colaterais: potencial recessão global, volatilidade cambial, flutuações nos preços de commodities e o excesso de produtos chineses redirecionados para outros mercados, incluindo o Brasil.
Parte boa:
Com países como China e União Europeia pagando tarifas muito maiores (145% e 20% respectivamente), o Brasil pode ganhar espaço em alguns setores, como commodities agrícolas e produtos semimanufaturados.
Economistas apontam que o Brasil pode emergir como um "vencedor relativo" nesta guerra comercial, ganhando participação de mercado nos EUA em setores onde competimos com países mais afetados.
É uma oportunidade de negócios, especialmente se o Brasil agir com agilidade e diplomacia.
😨 Vai dar 2008 de novo?
Alguns economistas acham que sim. A velocidade e a intensidade da reação dos mercados lembram os primeiros dias da crise de 2008.
As novas projeções econômicas são muito mais pessimistas que as iniciais. Com quase 50% de chance de recessão nos EUA e projeções de queda no PIB global, os cenários traçados pelos economistas estão cada vez mais sombrios.
Outros acham que não é o fim do mundo — pelo menos ainda. Há expectativa de que Trump recue, total ou parcialmente, como já fez antes. O economista Nouriel Roubini, famoso por prever a crise de 2008, acredita que ele vai cortar pela metade as tarifas pra evitar um desastre econômico.
🔮 E agora?
A pergunta de milhões: o que vai acontecer?
Difícil prever. Tudo depende de:
Como os países vão reagir (retaliação ou negociação?),
Se os mercados vão se estabilizar,
Se Trump vai manter a postura ou expandir as isenções temporárias
E qual será o impacto real na economia global.
Enquanto isso, é bom ficar de olho: o impacto pode chegar no seu bolso, com aumento de preços, inflação global e até impactos nos seus investimentos.